A campanha política e os acontecimentos que em seu redor orbitam são de fazer perder a esperança. Não falo de Serras, Dilmas e Marinas mas da classe política e do legislativo brasileiro.
A lei “Ficha Limpa”, uma iniciativa popular, parecia impor certa ordem mas é de difícil aplicação. Pior, tornou-se mote de campanha. Particularmente por aqueles que tem na vida pública uma folha corrida de participações pouco éticas ou mal explicadas.
Em São Paulo, Maluf se diz ficha limpa enquanto seus advogados procuram garantir sua candidatura. No Rio, em situação semelhante, Garotinho parece sofrer uma perseguição política implacável e quase chora diante das câmaras. E um ex-presidente do Vasco estampa em seus cartazes o selo “Ficha Limpa“. Outros vão pelo mesmo caminho.
O que seria um pré-requisito essencial para qualquer cidadão de bem tornou-se uma mal usada credencial de campanha. Dos famigerados “rouba mas faz” e “é dando que se recebe” chegamos ao vote em mim porque “roubo mas não provam”. Quem é honesto e tem ficha limpa de verdade não precisa fazer campanha para prová-lo.
Enquanto isso alguns partidos propõe o confronto racial e entre classes socias em suas campanhas. O que mais seriam cartazes do tipo “não existe capitalismo sem racismo”? É razoável ter acesso gratuito aos meios de comunicação para incitar o confronto?
Tudo isso pode. Mas fazer o humor com políticos está proibido sob pena de punição (artigo 45 da lei 9.504 sob o pretexto de proibir a sabotagem e os prejuízos à imagem dos candidatos durante o processo eleitoral). Está censurado, como nos tempos da ditadura.
Nota de fim de post do site UOL/Folha: O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto suspendeu na noite desta quinta-feira a legislação que proíbe programas de humor de fazerem piadas com os candidatos que disputarão as eleições de outubro. Melhor, apesar de tudo, esperança precisa ser a última que morre.
Ilustrações obtidas do blog Espaço 2:
http://espacodois.blogspot.com/
Tags: ética, campanha política, Ficha Limpa, política, responsabilidade
29 de agosto de 2010 às 14:08 |
Apesar de ser ridícula a necessidade de uma iniciativa popular para exigir “ficha limpa” para políticos, este procedimento ainda é o primeiro passo na direção da verdadeira democracia.
Os suplentes; os salários e mordomias de políticos e apadrinhados; o sistema político propriamente dito que exige a necessidade do presidente ter que vender a alma ao diabo para poder tocar projetos em frente, enfim, para chegarmos a uma verdadeira democracia, muita coisa ainda tem que ser feita. Mas o primeiro passo do bebê foi dado. Com conseguimos derrubar a inflação tão bruscamente, ainda tenho a esperança que o mesmo venha ocorrer na política.
29 de agosto de 2010 às 16:08 |
Realemnte, só muito tempo de democracia plena poderão corrigir tantas distorções.
2 de setembro de 2010 às 15:15 |
Grande Carioca,
Como você e a maioria da população brasileira – exceto os deploráveis apaniguados, adoraria ver os 3 poderes da República depurados da caterva que usa e abusa dos nossos impostos em proveito próprio.
Como advogado e cidadão zeloso das liberdades e garantias individuais, não posso, contudo, em nome dessa faxina, acolher um mal maior. Minhas razões, se ainda não teve chance de ler, estão em:
http://aventoe.wordpress.com/2009/09/27/inocencia/
Abraços limpos,
Aventoe
2 de setembro de 2010 às 20:01 |
Li sim Aventoe, e li novamete.
O problema é que a gente fica com a impressão de que sempre cabe mais um recurso para o que burla a lei. A quantidade de recursos é proporcional aos recursos de quem burla. No caso de um grande banqueiro tinha um ministro do STJ de plantão às 22:00 de um sábado para livrá-lo imediatamente. Isso é difícil de o cidadão comum entender.
Abraço Carioca