Uma certeza nos fins de semana da minha infância era a visita à casa dos meus avós. Vivia de jogos de cartas, não sei porque eu sempre ganhava no roba-montinho, buscar figuras de bichos nas nuvens, comer biscoitinho de natas… Na televisão cantavam o Francisco José, o Aguinaldo Rayol, paixão da minha avó, a Ellen de Lima e outros. Apresentadores eram o Moacir Franco. o Flávio Cavalcante (um chato) e uma loira chamada Hebe Camargo. O Chacrinha não era popular naquela casa mas como era engraçado o José Vasconcelos. Imperdível o Repórter Esso apresentado pelo Gontijo Theodoro.
Das Laranjeiras pegávamos uns dois ônibus, ou lotações, baldeando na cidade antes de seguir para o Engenho Novo. Raramente um Chevrolet daqueles pretos que dominavam a praça. Um luxo. Depois as coisas mudaram um pouco e lá chegávamos na Vemaguete azul clara.
Era tempo de pipas e balões de São João na época certa, com direito a fogueira, melado e canjica. Por que será que naquela época os balões não causavam tanto dano? Tempo de procurar presentes de Natal nos sapatos escondidos pela casa. De futebol e bolas de gude inocentes no meio da rua. No botequim da esquina encontrava o meu tio e meu pai com ele nas conversas com os velhos amigos. Orgulhoso do meu guaraná tão parecido com a cerveja dos mais velhos.
Isso foi lá pelos bons finais de anos 50 e início dos 60. Do século passado, que fique bem entendido. Por aquelas bandas o cenário não mudou muito mas já não há cadeiras nas calçadas, portões abertos e gente tranquila nas ruas. Estou certo que voltarão, assim que as UPPs cobrirem um Rio de Janeiro inteiro.
Foto: Minha Grande Família II (1958) – acervo pessoal Cariocadorio, proibida a reprodução sem autorização prévia.
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19 de outubro de 2010 às 12:07 |
como sempre um belo texto, que me faz refletir e relembrar reuniões de família
Parabéns pela saída do Bonde do Clouseau. Eu continuo no meu lugar cativo 😀
20 de outubro de 2010 às 00:11 |
Lembro que ainda brinquei de bola de gude e soltei muita pipa quando moleque! Hoje é engraçado tem festa junina, julina, agostina, setembrina! Vai acabar virando Caruaru de tanta festa!
20 de outubro de 2010 às 13:54 |
Boa lembrança do Gontijo Teodoro, locutor do Repórter Esso.
Bela descrição daqueles tempos!
20 de outubro de 2010 às 17:40 |
Aproveitei a deixa e acertei o nome do apresentador do Reporter Esso.
23 de outubro de 2010 às 19:29 |
doces lembranças… sempre é bpm compartilhá-las.
25 de outubro de 2010 às 12:55 |
Prezado “Cariocadorio”,
cheguei aqui via “Quieta em meu canto” e gostei de cara!
Aproveitando, dá uma olhada aqui:
Acho que tem muito a ver com o seu clima.
Abs,
Tiago Cruz.
25 de outubro de 2010 às 13:24 |
Obrigado pela visita,
Lamento mas não consegui chegar no seu blog.
Saudações cariocas
6 de novembro de 2010 às 08:39 |
Como era gostoso jogar roba-montinho! Joguei muito em crianças com os primos e mais recentemente, com os netos.
Muitos boas, essas lembranças!
6 de novembro de 2010 às 08:40 |
Não sei porque, hoje estou cheia de “ss”
“joguei muito em criança” e ” muito boas”
16 de junho de 2012 às 04:13 |
Carioca, aproveite mais uma dica e acerte o nome da “Ellen de Lima” que a gente costumava confundir com a outra grande cantora “Helena de Lima”. Um dia você pode querer escrever um livro com tão belas recordações.
16 de junho de 2012 às 21:27 |
Paulo, obrigado pela dica. Lembro-me bem das duas.
Saudações cariocas