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Minha Grande Família III

20 de fevereiro de 2011

Nem só de Rio vive o Carioca.  Ainda que um pouco mais distante, São Paulo também é terra da família. 

Tio Horácio

 Minhas lembranças da Cidade de São Paulo começam em 1964 quando lá chegamos pra uma visita a bordo da Vemaguete novinha. As indicações de ruas eram complicadas.  Alguem nos indicou para entrar á direita no farol.   Passamos por três sinais e estamos procurando o farol até hoje.   Foi em um cruzamento destes que deixamos o cano de descarga do carro no chão… ninguem nos avisara das valas para escoamento fluvial.  Ficamos alguns dias com o motor dois tempos da Vemaguete fazendo um barulho infernal.

 

Acho que a história da família começa em Bauru antes de chegar em São Paulo mas deixo pra turma mais velha relembrar, identificar os personagens e contar para os mais novos.   

Uma Menina linda, 1945

Aliás, o pessoal de São Paulo foi o que mais contribuiu para aumentar a família.  Este é um mês de aniversários, uns que passaram há pouco, outros que estão por vir.
Parabéns para todos os aniversariantes.

Guarujá, fevereiro de 1961

 

São Paulo pode ser um ótimo lugar mas de vez em quando é uma boa dar uns passeios por aí. Paulista tem fama de gostar de ir ao litoral e a família não é exceção.  Aqui está a turma passando umas férias no Guarujá. 

 

Mas como há muita riqueza nas cidades no interior, vamos aproiveitar a visita do vovô Abel e da vovó Belmira para um passeio na Gruta da Glória, entre Itu e Pirapora.  Fica o registro nesta foto.  

Estrada Itu - Pirapora, 18/9/1955

As novas gerações devem estar pensando:  “E nós?”
Bem, isto aqui é para a gente lembrar o passado.  Vocês ainda estão fazendo o presente e preparando o futuro para os que vem por aí.  Quem sabe alguem não tem a idéia de pegar as fotos do finzinho do século passado e einício deste para montar um blog? 
Vai juntando fotos e vídeos.

Fotos do acervo pessoal Cariocadorio.  Proibida a reprodução sem autorização prévia.

Operação Lei Seca e o hospital

20 de fevereiro de 2011

Já passava das três da manhã quando o Dr. Carlos Eduardo de Godoy Meneses saiu do hospital.  Aquilo não seria muito diferente da sua rotina não fora Laurinha a razão da emergência.  Os hospitais particulares do Rio andam lotados. Transferência só na manhã seguinte.  Pelo menos as fortes dores devido ao cálculo renal estavam sob controle.

O caminho para casa não era longo e a perspectiva de dormir um par de horas antes de recomeçar o dia era sua maior ambição.  Só não podia esperar aquele sinalizador vermelho indicando que encostasse o carro: 


O policial identificou-se e pediu documentos. O Dr. Meneses explicou a situação, mostrou a bolsa da esposa que levava pra casa tentando escapar do procedimento completo.  O Cabo Geremias entendeu a situação, calmamente explicou que teria que cumprir a lei e perguntou:

“O senhor ingeriu alguma bebida alcoolica?”

“Não”, respondeu o Dr. Meneses um instante antes de lembrar que sim. Havia bebido umas tacinhas de vinho no jantar. 

Explicou que as fortes dores de Laurinha ocorreram de um momento para o outro. Quando concluiu que deveria medicá-la no hospital levou-a imediatamente.  Não jantou, não bebeu água, enfim nada que pudesse ajudar na eliminação do álcool.  

Os policiais tentaram ajudá-lo com as contas e as possibilidades.  Já haviam passado umas seis horas mas ainda assim havia o perigo de ser pego.  A alternativa era se recusar a soprar, pagar a multa e ficar alguns dias sem a carteira. Com Laurinha no hospital isto não seria nada bom. Durante quase uma hora conversou com os policiais. Eles até explicaram que o passar do tempo estava a favor dele mas não podiam adiar mais.    

Finalmente soprou e ficou no limite do problema.

O Dr. Meneses seguiu para casa pensando no bom trabalho dos policias.  Sentiu que entenderam a situação, cumpriram sua obrigação e ajudaram sem que, em momento algum, se fizesse menção a propinas ou vantagens escusas. Na semana em que a Operação Guilhotina expôs mais uma vez a podridão das instituições policiais, o trabalho dos agentes da Operação Lei Seca servia para que ele recuperasse a esperança de um Rio melhor.   

Artigo relacionado: “Se beber não Dirija”, clique aqui.

Luizinho, más Bueno que Pereira

11 de fevereiro de 2011

Com esta manchete, a revista argentina Parabrisas Corsa reverenciava um dos maiores pilotos brasileiros de todos os tempos:
Luiz Pereira Bueno.

Luizinho a bordo do Berta da Equipe Hollywood, 1975

Ao volante de um Porsche 908, Luizinho protagonizou uma série de três corridas eletrizantes na Argentina juntamente com o ídolo local, Luiz di Palma.  Disputando cada curva, os dois Luiz levaram ao climax a rivalidade entre os dois países no início dos anos 70. Nesta curta temporada reinaram a competência, a admiração e o respeito nunca vistos em disputas esportivas envolvendo Brasil e Argentina.  Entre tantas conquistas, o laureado Di Palma elegeu justamente a corrida que perdeu para o rival como a mais memorável da sua carreira, tal a importância daquela série. 

No Porsche 908/2, 1971

Esta semana o jornal “O Globo” anunciou o falecimento de “Luiz Pereira Bueno, Piloto de Fórmula 1“.  Apesar de  ter até pilotado carros de fórmula 1, destacá-lo como tal é um equívoco. Pilotos brasileiros com passagens na categoria máxima do automobilismo contam-se aos montes. Luizinho foi muito mais do que isso.

Luizinho foi o grande campeão das pistas brasileiras. Venceu as mais importantes provas do automobilismo nacional na época em que começavam a aparecer nomes como José Carlos Pace, Wilson e Emerson Fittipaldi que logo se destacariam na Europa. Um pouco mais velho, Luizinho não teve a mesma oportunidade de  sucesso internacional.  Ainda assim obteve 9 vitórias que lhe renderam um vice-campenato na F-Ford inglesa disputando apenas parte da temporada.

Luizinho no Bino Mark II, Rio 1968

Começou sua carreira em 1957 e conduziu com maestria os carros da equipe Willys nos anos 60, destacando-se o Mark II, o Bino, protótipo que levou a inúmeras vitórias.  Foi também com o Bino que viveu o mais triste momento de sua carreira em uma corrida nas ruas de Petrópolis.  Com sua condução rápida e segura, Luizinho foi vencedor tanto com carros de baixa cilindrada como em potentes protótipos como o Porsche 908 e o Berta Hollywood.. 

Não era somente dentro das pistas que Luiz Pereira Bueno se destacava. Em 1975, no acesso aos boxes de Interlagos, uma pseudo autoridade insistia em entrar de qualquer jeito. De repente o comissário aponta para uma pessoa na fila de entrada e diz:
“Olha só, até ele tem credencial para entrar nos boxes.”

Luizinho

Lá estava Luizinho, estrela maior de uma competição que reunia os melhores do país, credencial em punho aguardando pacientemente para entrar na sua área de trabalho.  

Neste dia vi de perto o piloto que conheci nas revistas e aprendi a admirar nos autódromos. Um brasileiro que, por sua competência profissional, carater e vitórias,  merecia ter sido admirado por um público muito maior do que os aficciondos pelo automobilismo em sua época.

Site oficial, Luiz Pereira Bueno: http://www.luizpereirabueno.com.br/
Mais sobre Luizinho no site Obvio: http://www.obvio.ind.br/Luis%20Pereira%20Bueno.htm

Fotos: Luizinho no Berta Hollywood em 1975 (by Cariocadorio);  demais fotos obtidas no site Obvio.

Autoridade Pública Olímpica (APO)

2 de fevereiro de 2011

Henrique Meirelles

Em meio ao noticiário de esportes escuto uma boa notícia: a presidente Dilma indicou o ex-Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para comandar a APO – Autoridade Pública Olímpica -, seja lá o que isso for.  

Pesquiso daqui e dali e aprendo que a tal APO será responsável por monitorar os compromissos do Brasil junto ao COI. A APO cuidará das obras das Olimpíadas, atuando para garantir as entregas das obras com qualidade, nos prazos e  dentro dos custos orçados.

Trocando em miúdos, a APO tem entre suas obrigações evitar que metam a mão no nosso dinheiro para a realização dos jogos, gastando muito mais do que o orçamento para que, no final,  seja nula a herança do evento para a cidade.  Ou seja, que não se repita em escala muito maior o “mal uso dos recursos públicos” que aconteceu com o Pan 2007.  

Para exercer dignamente sua função, este órgão federal deverá ser independente dos governos estadual e municipal, do ministério dos esportes e do Comitê Olímpico Brasileiro. 

A coerência no comando do Banco Central por oito anos faz de Henrique Meirelles uma pessoa que parece ter a credibilidade e a independência necessárias para assumir cargo de tal relevância para a saúde financeira da cidade do Rio de Janeiro. Sua indicação mostra a preocupação da nova presidente com o evento e suas consequências, o que por si só também me parece uma boa notícia. 

Por outro lado, criado em maio de 2010, o órgão poderá gerar um enorme cabide de empregos (cerca de 500) para gerir os R$30 bi de investimentos das Olimpíadas.  A corrida por cargos já começou a agitar os partidos políticos.  Portanto, cuidar da própria APO é um desafio.  Espero que seja dada ao Sr. Henrique Meirelles a oportunidade de escolher boa parte dos seus colaboradores com base em critérios de ética e competência.  Que a APO seja um órgão efetivamente fiscalizador.

Foto de Denis Balibouse / Reuters
Referências: Site do Estado de São Paulo (1/2/11);