A formatura dos bacharelandos de 1937 foi muito festejada em Bebedouro. Logo alguns daqueles rapazes oriundos da elite da região viriam para o Rio de Janeiro a fim de continuar seus estudos. Os que eram apenas um rosto no quadro do Ginásio Municipal de Bebebedouro se formariam médicos, advogados ou seguiriam bem sucedidas carreiras militares.
Não foi o caso do Edgar Baroni. Ele estava no grupo que se aventurou ao Rio embora estudar não fosse o que pretendia. Na verdade ele não sabia bem o que queria. Criado na fazenda dos pais, Baroni era exímio cavaleiro e atirador. Com o cavalo Prata e sua fiel carabina, presente do seu avô quando fez 13 anos, era imbatível nas competições de tiro:
“Onde ponho o olho ponho a bala”, gabava-se ele com justa imodéstia.
Sujeito simpático, suas outras paixões eram o futebol e a sinuca. As pernas fortalecidas pelos exercícios físicos e as intermináveis cavalgadas no campo compensavam a pequena estatura e eram muito úteis para o centro-avante Baroni. Por outro lado a mira de atirador e o espírito boêmio ajudavam no salão de sinuca.
Foi este espírito boêmio que o desviou das salas de aula e o levou para as atrações das noites cariocas. A habilidade com o taco ajudou-o muito em seus primeiros tempos na Capital Federal. Foi em um salão da Lapa que Baroni aprendeu uma lição fundamental para a sua vida. Sim, porque ele não gostava de estudar mas aprendia muito rápido as lições da vida.
Edgar Baroni percebeu que a turma apostava muito mas jogava menos do que acreditava. Percebeu que ali estava sua chance de ter um pouco mais de dinheiro do que os minguados caraminguás que lhe mandava o pai desde Bebedouro.
Não por coincidência, subtrair algum do novato com cara de interior seria uma tarefa simples para o malandro local, pensava o “parceiro” que Baroni conhecera naquela noite.
Feitas as apostas, Baroni controlou o jogo sobre o adversário para que este não percebesse a disparidade de habilidade. A noite foi seguindo neste ritmo até que o prejuízo do jogador local chegou a muitos dinheiros.
Na forma simples que sempre pontuou a sua vida, Baroni contava que foi nesta hora que o parceiro disse que ia “pedir uns pastéis” e escafedeu-se dali. Além de não levar a grana da aposta, Baroni ainda teve que pagar as horas da mesa de sinuca.
A vida não foi fácil naquele Rio de Janeiro de 1938. O tal episódio demorou a ser digerido mas ele aprendeu a lição e nunca mais pensou em ganhar dinheiro jogando sinuca. Por toda sua vida Edgar Baroni foi agradecido ao “parceiro”. Não sem deixar de referir-se a ele com os piores adjetivos que conhecia.

Polícia Montada do DF, 1940
No próximo capítulo (veja aqui) eu conto como foi a vida do Cabo Edgar Baroni na Polícia Montada da Capital Federal.
Foto: Bacharelandos de 1937, Ginásio Municipal de Bebedouro; Polícia Montada do Distrito Federal (setembro de 1940)
(Acervo pessoal Cariocadorio. Não pode ser reproduzida sem autorização prévia)
Tags: 1939, Bebedouro, família, Fotos Antigas, Rio, Rio de Janeiro
22 de abril de 2011 às 16:33 |
Quero mais… quero mais…..
Adoro suas histórias, linguagem objetiva e comunicativa, vc não fica enrolando .
O que aconteceu para ele virar cabo?
beijuuus
22 de abril de 2011 às 20:20 |
Salete,
A continuação virá logo, desde que o feriado não acabe logo…
26 de abril de 2011 às 08:52 |
Esse Edgar Baroni é parente do João Baroni, baterista dos Paralamas?
26 de abril de 2011 às 20:05 |
Não, mas é o cara que você gostou de ver de bigodinho outro dia….certo?