Na esquina da rua Senador Vergueiro com a Barão do Flamengo, em frente à praça José de Alencar, havia uma figueira. Uma não, cinco delas iniciamente, plantadas a mando do imperador. Como soe acontecer com as coisas da natureza, tudo tem seu tempo e talvez fosse mesmo o tempo de a última delas ir embora.
Nestes seus mais de cem anos de vida viveu intensamente a história do lugar. Ainda jovem, foi testemunha do assassinato de um senador, percebeu tramas sendo arquitetadas no sofisticado Hotel dos Estrangeiros, ouviu mentiras na mesa do bar e casais jurando amor eterno para, tempos depois, ali mesmo se despedirem. Viu sumir o rio Carioca, sobreviveu às obras do metrô bem aos seus pés, divertiu-se com José de Alencar tantas vezes mudando de lugar ao sabor do progresso, despediu-se do belo prédio do hotel dos Estrangeiros e lamentou o enorme bloco de concreto que puseram em seu lugar.
Não teve, enfim, uma vida monótona a imperial figueira. Mas confessava-se muito triste nas últimas décadas, cansada de tanta desordem na sua outrora requintada esquina. A bela árvore se foi mas não a distribuição de jornais em pleno trânsito, não o movimento de carga e descarga sob a placa de proibido estacionar, não a desordem que reina nesta terra de São Sebastião.
Que descanse em paz!
Fotos by Cariocadorio: R.Senador Vergueiro, a saudosa figueira e a desordem (Dez 2011 e Fev. 2012)
Tags: desordem, figueira, meio-ambiente, Praça José de Alencar, Rio, rio carioca, Rio de Janeiro, Rua Senador Vergueiro
16 de fevereiro de 2012 às 06:36 |
Era muito melhor a figueira ter ficado e o resto ter acabado.
16 de fevereiro de 2012 às 11:00 |
Uma pena, sem dúvida, Carioca! O Rio, as poucos, vai perdendo suas árvores centenárias, por descuido de muitos, deixando a paisagem dos bairros mais árida e caótica.
Um abraço!
16 de fevereiro de 2012 às 13:11 |
Bom trabalho, Cariocadorio.
17 de fevereiro de 2012 às 09:34 |
João, bom dia…
Interessante que a gente só vê e dá valor a essas coisas depois que se está em idade madura, na juventude nem sempre se ouve o barulho da natureza, hoje lhe garanto, que para mim, não há barulho mais triste do que o do tombar de uma árvore centenária em prol do famigerado progresso.
Você é uma pessoa muito sensível. Parabéns!!!
Rita
17 de fevereiro de 2012 às 18:51 |
Oi João Carlos
Meu irmão mora ali. Foi um susto muito grande e muita sorte não ter atingido ninguém. Dá muita tristeza a ausência dela. Poucos valorizam essa vida. Só queria saber o que ocasionou sua queda. Aparentava saúde, embora suas raízes estivessem muito pequenas
um abraço
19 de fevereiro de 2012 às 19:10 |
Não sei se você conhece a Dutra em Porto Real, perto de Resende, perto de onde o Presidente Juscelino Kubitschek morreu. Era um dos trechos mais bonitos (se não o mais bonito) da Rodovia, com belas arvores.
Há uns dois anos, TODAS foram derrubadas e hoje existe um grande descampado no local.
Mais um triste “arvorecídio” no nosso Estado para o seu Blog.
24 de fevereiro de 2012 às 18:16 |
DESABAFO:
Vinha pela maldita Presidente Vargas agora há pouco, quando o carro que estava a minha esquerda se desviou de um pedestre perto da Central jogando o carro para a direita.
Tive que desviar e bati nos tachões que esta maldita Prefeitura instalou entre as duas faixas apertadas de automóveis e as duas de ônibus próximo a cruzamentos.
Conclusão: perdi um pneu aro 17 novinho (estufou em um ponto da lateral) e amanhã vou levar o carro para colocar o estepe no local e fazer balanceamento / alinhamento das rodas. Um emnorme prejuízo.
Gostaria de saber que idiota inventou colocar aquelas malditas pedras entre faixas apertadas. Imagine se eu fosse motociclista!
Onde não há buracos, que nem no acesso a Av. Venezuela e na própria, esta Prefeitura coloca estas malditas pedras.
Obrigado pelo espaço para desabafar. Se existisse justiça, eu iria “correr atrás”. Mas no nosso país, o jeito é entubar mais uma.
25 de fevereiro de 2012 às 21:12 |
Meu prejuízo:
– Um pneu aro 16: R$ 475,00 (tive que comprar um novo, pois o estepe é do tipo para pequenos deslocamentos e em baixa velocidade (máximo de 80km/h), ou seja, uma engodo da Ford em seus consumidores).
– Desempeno da manga do eixo: R$ 380,00
– Alinhamento / balanceamento: R$ 80,00 (mais uma “grujinha: para o rapaz).
Tudo graças a idiotas que devem achar bonito colocar aquelas “porongas” no chão.
28 de fevereiro de 2012 às 17:39 |
Dois artigos sobre os malditos tachões da Av. Presidente Vargas:
http://oglobo.globo.com/rio/motociclistas-querem-mudancas-nos-tachoes-dos-brs-3933059
http://oglobo.globo.com/rio/tachoes-vao-virar-tachinhas-3946040
26 de março de 2012 às 22:20 |
Não houve nem a preocupação de se plantar outra. As mesas e cadeiras já tomaram conta . Êta………que pressa de se ganhar dinheiro……