A Copa de 2010 na África do Sul ficou longe de ter a sonhada final sul-americana. Brasil e Argentina tinham muitas coisas em comum e chegaram exatamente ao mesmo lugar. Ambos tinham como técnicos ex-jogadores, campeões do mundo, mas com experiência zero na função.
Ambos procuraram fazer crer que estavam no caminho certo. Dunga apregoava a eficiência do seu “método”. Maradona usava a propaganda ufanista baseada no seu próprio prestígio aliado a ter, sem dúvida, o melhor elenco. Seus resultados, porém, eram pífios até ali.
Maradona, com seu vedetismo e idolatria argentina, e Dunga, com seus ataques de raiva, agressões e modelitos da filha à beira do campo, estavam mais preocupados com seus egos do que com suas funções.
Ficaram estupefatos diante da adversidade definitiva e, do alto da sua inexperiência, não tiveram resposta quando o adversário lhes impôs um nó tático incapaz de ser superado pela genialidade de seus jogadores, no caso da Argentina, e pelas fracas opções disponíveis no caso do Brasil.
Seguem as semelhanças: como auxiliares, Maradona tinha Mancuso, o amigo de todas as horas, das festas e das noitadas. Dunga, na sua obsessão por controle, tinha em Jorginho um capataz religioso. Um e outro tão carentes de experiência quanto seus chefes.
Assim, Brasil e Argentina perderam para europeus nas oitavas-de-final.
Com tantas coisas em comum, por caminhos diversos, Brasil e Argentina perderam exatamente como era de se prever.
A Argentina pela falta de organização do seu elenco de craques e pela sua defesa ruim, frutos da incapacidade do seu treinador.
O Brasil pela previsibilidade de suas ações, pela falta de recursos por ter um bando de cabeças de área e de bagre no banco e pelo nervosismo do time em campo, reflexo do que via no seu comando.
A derrota, entretanto, começou a ser desenhada muito antes da Copa do Mundo. Culpar jogadores e treinadores é equivocado. O erro está na condução do futebol, reflexo do que somos como países. Dunga e Maradona foram guindados à posição de treinadores dos selecionados nacionais sem experiência alguma para tal. O mesmo acontece com administradores de nossas instituições, cidades e estados.
Ricardo Teixeira tem poderes absolutos na condução do futebol no Brasil. Administra as fortunas que passam em suas mãos da mesma forma que determina quem será o próximo treinador da seleção. Interesse pessoal. O presidente da CBF se perpetua no poder eleito por presidentes de federações que o fazem da mesma forma. Protege daqui, beneficia dali e “é dando que se recebe” vão se mantendo à frente da maior paixão nacional.
Ninguém deveria ficar mais que oito (4 + 4) anos no comando de qualquer entidade esportiva brasileira. A perpetuação dos mesmos dá margem para muita coisa ruim, muita roubalheira.
Mas diante da anarquia moral em que vivemos neste país, perder uma copa do mundo é o menos importante.
Quanto aos resultados da Copa de 2010, parabéns para os espanhóis, um povo que vive intensamente o futebol e que finalmente vê sua seleção brilhar internacionalmente. Méritos para o Uruguai, que volta ao cenário internacional depois de tantos anos de ostracismo. Para os anfitriões, resta saber o que fazer com os estádios que construíram para a grandeza da FIFA.
Artigo de 2010, re-editado para “A história das copas por Cariocadorio”:
https://cariocadorio.wordpress.com/category/copas-do-mundo/
Fotos obtidas na Internet
Tags: CBF, COB, Copa da Africa do Sul, Copa de 2010, Dunga, futebol, História das Copas do Mundo, Maradona
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