Ao contrário de 1966 o Brasil teria uma equipe definida bem antes da copa. “Só feras“, garantiu o treinador. E as feras do Saldanha foram o início de uma campanha vitoriosa.
O 1 x 0 sobre o Paraguai no Maracanã lotado em 1969 carimbou o passaporte brasileiro para o México.
O caminho da seleção até o México estaria repleto de polêmicas. Nesta época o Brasil aprendeu o que é descolamento de retina, que Pelé estava velho que Garrastazu convocava jogador e que, como já sabíamos, celacanto provoca maremoto.
Enquanto a seleção treinava no campo do Fluminense, a garotada de Laranjeiras corria atrás dos autógrafos. Alguns ficaram registrados nesta tabela, inclusive o de um tal de Edson.

Autógrafos de 70
O fato é que chegamos ao México com Zagalo no comando e cheios de desconfiança daquela que depois provaria ser a melhor seleção de todos os tempos. Só se falava no futebol força europeu. Os brasileiros não estariam preparados para vencer aqueles que tinham saúde de vaca premiada. Na primeira fase teríamos que enfrentar 3 europeus, inclusive a Inglaterra, campeã do mundo. Era realmente um grupo difícil.
Pela primeira vez o Brasil se deslumbrava com uma transmissão de copa do mundo ao vivo na televisão. E assistimos o tcheco Petras fazer o primeiro gol sobre nós. Ao vivo pudemos ver os gols que o Pelé não fez: o chute do meio de campo que passou raspando e o drible sem tocar na bola sobre Masurkievsky, goleiro do Uruguai. Vimos a trama, inciada por Tostão caído no chão, que resultou no 1 x 0 sobre a Inglaterra e a classificacão para as oitavas-de-final. Vimos um show inequecível da arte de jogar futebol.

Tabela da Copa do México
Na seqüência foram dois sul-americanos. Peru e Uruguai. Vinte anos depois o Uruguai. Foi um jogo tenso pelo seu histórico embora a superioridade brasileira fosse flagrante. A coisa teria ficado complicada se Clodoaldo não empatasse no finzinho do primeiro tempo. É engraçado que nem mesmo a vitória sobre o Uruguai serviu como revanche para a tragédia de 50. Na outra semi-final, alemães e italianos se degladiaram até a exaustão com vitória dramática para os italianos na prorrogação. Azar deles.
A final decidiria a sorte da Copa Jules Rimet. Ambos com duas copas conquistadas, Brasil ou Itália levaria a taça definitivamente para casa. A final assistida por “90 milhões de brasileiros” teve lances emocionantes e foi ponteada por gols belíssimos, como o último do saudoso Carlos Alberto fulminando o arco italiano depois de o ataque inteiro tocar bola. Os mexicanos, que trataram o Brasil como nenhum outro povo faria, pareciam tão felizes como nós.

O Brasil, incontestavelmente o melhor no México, levou a taça Jules Rimet que deveríamos orgulhosamente guardar para sempre. Infelizmente alguém a derreteu e ficou com o ouro. Hoje o que temos é uma réplica.

Médice com a Taça
A ditadura militar soube tirar proveito desta conquista.
A propaganda ufanista e o caminhão de dinheiro que inundou o país sustentavam o milagre brasileiro. As décadas seguintes foram de inflação galopante, dívidas estratosféricas, estagnação econômica, uma crise social e moral sem tamanho e um jejum de 24 anos sem copas do mundo.
A história das copas por Cariocadorio:
https://cariocadorio.wordpress.com/category/copas-do-mundo/
Fotos: tabela da copa, arquivo Cariocadorio; fotos obtidas da internet.