A cidade muito bem arrumada surpreende o carioca recém chegado. Avenidas larguíssimas de mão única com enormes praças nos canteiros centrais seguem a urbanização planejada. Não há problema de tráfego para os seus cerca de 250.000 habitantes.
Nas serras de Tepequem, a 200 Km da capital, encontra-se um clima agradável embora com uma infra-estrutura insípida para o turismo. Depois de um bom banho em uma das várias cachoeiras admirando o belo cenário que a natureza oferece não há muito que reclamar do pouco que os estabelecimentos locais oferecem.
Infelizmente, não precisa muito tempo para perceber as mazelas típicas do resto do Brasil. A classe política controla as oportunidades e as leis são mais iguais para alguns que para maioria.
Nas palavras dos locais um pouco da realidade brasileira:
- “O parque Anauá ta abandonado. O Governador Fulano de Tal fez o parque. Quando outro entra deixa de lado. Quando ele volta ajeita pro seguinte abandonar de novo.” (sobre um enorme parque que poderia ser formidável).
- “A Praça das Águas só teve água no início, depois roubaram as bombas e as válvulas. Funciona uma vez ou outra mas roubam tudo de novo.” (a bela praça seria ainda mais bonita se os chafarizes funcionassem).
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“O empresário fez uma pesquisa e disse que tinha mercado. Tem uns anos já e ele não vendeu tudo” … “Acho que o limite era de 3 ou 4 andares mas já não se fala nisso” (sobre o inexplicável edifício residencial de 8 ou 10 andares que se destaca na foto)
Lá no fim do Brasil não é muito fácil encontrar quem faça turismo. O barqueiro explicou de forma simples e direta, com a experiência de uma vida inteira em Boa Vista.
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“Aqui não vem muito turista não. Só quem tem algum parente e vem visitar ou quem vem a negócios e aproveita pra conhecer é que faz turismo em Boa Vista”, afirmou ele durante o passeio pelo Rio Branco.
Dias depois, finda a visita, a constatação de que Boa Vista é uma cidade mais limpa, mais humana e com menos problemas sociais que outras capitais brasileiras.
A cidade, entretanto, é administrativa e vive principalmente do salário pago aos empregados dos governos locais e federal.
Há um grande contingente do exército na região. Policiam as fronteiras, fazem incursões de treinamento na selva e preparam o pessoal que vai para missões internacionais, como ao Haiti, De quebra ainda cuidam de animais, desde jandaias a onças de todos os tipos, antes de retorná-los à vida selvagem.
Fotos by Cariocadorio: Orla Taumanan no rio Branco, Boa Vista; Cachoeira do Paiva, Tepequem, RR; Praça das Águas, Boa vista; Boa Vista vista do rio Branco; Onça pintada (julho de 2011)