No final da década de 70, após muita politicagem e enganação, foi inaugurado o novo Autódromo do Rio do Janeiro, em Jacarepaguá, no mesmo lugar do antigo AIR. A vitória da Alan Khodair na Stock Car de hoje marca o último suspiro do Autódromo Nelson Piquet.
César Maia, o Prefeito da Obras Mal-vindas, assinou sua sentença de morte em sua primeira administração quando deixou que a Fórmula 1 fosse para São Paulo. Na segunda, mutilou o autódromo com algumas mal acabadas arenas de esporte.
Curiosamente, as últimas administrações da cidade têm o estranho prazer de destruir o que está feito. O autódromo, o recente velódromo, o Maracanã (onde se gastou fortunas em reformas nas administrações Garotinho e Garotinha) e a Perimetral são bons exemplos.
Em vez de criar infra-estrutura para horizontalizar a cidade por novas áreas, com as óbvias vantagens que isto oferece, os governos preferem a opção pelas áreas mais valorizadas. Sabe-se lá qual o critério.
O espaço do autódromo permite que a cidade respire um pouco sem a opressão de prédios e shoppings. No projeto para a região haverá um adensamento após a realização das Olimpíadas. Já imaginou a zona sul sem Jardim Botânico, Parque Lage e Jóquei Club?
O prometido novo autódromo do Rio, em Deodoro, continua derrapando nas ensaboadas curvas do circuito político-ambiental. A primeira localização anunciada pela prefeitura parou no pit-stop do INEA. Assim como nos carros da equipe do Andrea Matheis na corrida de hoje, os fiscais identificaram irregularidades e os mandaram pro fim da fila. Só que nos trâmites ambientais isto significa zerar o relógio do prazo de aprovação que o próprio órgão gestor se outorga.
Como o que interessa mesmo são as Olimpíadas, pouco importa às autoridades se haverá ou não um autódromo no Rio de Janeiro. Autódromo não rende voto nem ajuda na especulação imobiliária. Exceto quando se trata de destruí-lo, é claro.
Fotos: Fitti-Porsche no AIR circa 1969 (obtida no site obvio), F1 no Rio, 1978 e 1987 (acervo Cariocadorio).