A semana que passou foi particularmente pródiga em provocar desconforto no cidadão minimamente atento à rotina a sua volta. De uma só vez chegaram as notícias de novos tremores no Chile, assassinato de um cartunista e seu filho em Osasco e confrontos do tipo polícia e bandido que deixaram um saldo de uns tantos mortos no Rio de Janeiro.
Para o nosso estado, a aprovação da emenda “vamos meter a mão no dinheiro do Rio de Janeiro” foi a bomba da semana. Os estados produtores têm, legitimamente, direito a esta parcela dos recursos gerados pela produção de petróleo para cuidar principalmente da infra-estrutura e meio-ambiente locais. Interessante que a emenda Ibsen não altera a distribuição dos royalties da produção em terra, só no offshore. A razão é simples, é no mar que existe muito petróleo, muito dinheiro. Azar do Rio de Janeiro.
Chama a atenção o pífio desempenho do governo e da bancada estadual em defender os direitos do Rio de Janeiro. É inacreditável que o importante deputado Rodrigo Maia, presidente do seu partido, tenha preferido viajar para a Alemanha em uma obscura missão a participar da votação em Brasília. Era sua obrigação levantar a voz em nome daqueles que representa, mesmo que a derrota fosse inevitável.
Por outro lado o governador Sergio Cabral chiou, esperneou e se indignou depois da derrota. Dizem que quase enfartou. Estranho, porque o resultado era mais do que certo. Depois do leite derramado o governador resolveu promover impróprios minutos de silêncio em jogos de futebol e outras medidas de pura demagogia improdutiva. Mas que tipo de trabalho político foi feito para evitar este desastre? Houve erro de estratégia ou era mesmo inevitável que ocorresse?
Pior é a declaração do governador de que a emenda inviabiliza a realização da Copa de 2014 e das olimpíadas de 2016. Quer dizer que o dinheiro que deve ser aplicado em investimentos que tragam benefícios perenes será maciçamente destinado a eventos esportivos cujo retorno para o cidadão é mais do que duvidoso? Se esta é a grande preocupação do governador quanto ao destino destes recursos talvez seja melhor mesmo redistribuí-los.
Não, melhor não…para quaisquer outras mãos que o dinheiro possa ir a aplicação não será nem um pouco mais nobre. Triste.
Fotos: Sol Nascente, Macaé e Sonda (6/2/2010, Flickr, Creative Commons, by Gladstone P. Moraes); Panorâmica de Macaé, Nuvens (23/1/2010, Flickr, Creative Commons, by Gladstone P. Moraes) (Link para galeria de Gladstone P. Moraes)