Nas asas do Electra II, da VARIG

130920 saleta do electra

Saleta na cauda do Electra

Ameaçava chover e, antes que ficasse sem teto,  corri para Congonhas. Não queria perder a noite de sexta-feira no Rio.  Cheguei a tempo do voo das 17:00 horas. Fui um dos últimos a entrar no Electra e sentei no banco lateral da “sala de estar”, na cauda do avião.  Logo caiu um toró indescritível.

Decolamos após mais de uma hora de espera na pista. A comissária veio dar um aviso mas não terminou de falar.  Um forte solavanco jogou a moça no chão, lá no meio da aeronave. Daí por diante sentimos o Electra tremer, mergulhar e subir violentamente inúmeras vezes. Raios pareciam acender a fuselagem do avião dando um susto atrás do outro.

O pior ainda estava por vir. Acabou o estoque de saquinhos de enjoo. Um odor azedo insuportável tomou conta da cabine. Quem ainda estava inteiro não resistiu…

Cheguei a ver as luzes do Rio de Janeiro lá em baixo mas por pouco tempo. O piloto deu meia volta e retornou a São Paulo. Continuou o violento e interminável sobe-e-desce. Sem teto para descer em Congonhas seguimos para Vira-copos. Com um motor a menos, o bravo turbo-hélice finalmente aterrizou em Campinas. Aliviados, passageiros se davam as mãos, sorriam, choravam,  alguns se prometiam amar até o fim dos tempos.

Às 4 da manhã de sábado, a bordo de outro Electra que saiu do Rio para nos buscar em Campinas, pousávamos tranquilamente no Santos Dumont. Umas poucas horas de sono e eu já estava pronto para o fim de semana. Eram outros tempos.

Apesar do sufoco, em momento algum pensei no pior. Afinal, em 1978 nada podia causar dano àquele jovem engenheiro.

Nem imagino como me sentiria se acontecesse hoje. Aprendi muito desde então, principalmente que não sou imortal.

Electra II da VARIG

Electra II da VARIG

Fotos obtidas na internet.

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