Este DKW Vemag foi o primeiro carro da minha família. Nessa época os automóveis reinavam sozinhos como objetos de consumo dos adultos e do mundo de fantasia das crianças. Não havia a concorrência dos computadores e dos video games. Os rádios de pilha e as vitrolas não eram concorrentes à altura. As crianças observavam carros como a modernidade do momento e era comum disputar quem conhecia mais a respeito.
A nossa Vemaguete foi adquirida no início de 1964. Não era ainda o modelo 1001, lançado logo após, que tinha como característica as portas abrindo pra frente como os demais carros. A cor era azul clara , exigência do velho que não gostava do saia e blusa comum na época. O estofamento era vermelho. Como meu pai não dirigia e nem queria saber disso, meu primo Marcus foi buscá-la com ele. Depois, minha mãe era quem dirigia. Aliás, foi ela que forçou a barra tirando a carteira de motorista e insistindo na compra.
Naquele ano o Rio de Janeiro viveu momentos de tensão com o golpe de 64. A Vemaguete teve lá a sua participação. Morávamos na Pinheiro Machado e a rua ficou bloqueada com barricadas de sacos de areia em frente ao Palácio Guanabara. Houve movimento de carros do exército na rua e a família achou melhor sair dali. Lembro-me que saímos pela rua Paissandu, onde em alguns lugares tivemos que passar por cima da calçada. Carros da prefeitura ou do estado, cinza com listra amarela, bloqueavam a rua. Numa dessas, o paralama direito da Vemaguete novinha raspou na parede. Na Presidente Vargas cruzamos com vários blindados mas o caminho até o Lins foi tranquilo.
Na foto a Vemaguete aparece na rua Raul Barroso, pilotada por este Cariocadorio fantasiado de índio. Era o carnaval de 1966. Vê-se o detalhe da grade dianteira com a inicial do sobrenome da família. Era comum este tipo de personalização nos DKW naquela época.
Foto: Vemaguete 64 (Fev. 66) Acervo pessoal Cariocadorio. Proibida a reprodução sem autorização prévia.
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8 de janeiro de 2010 às 11:27 |
Blog também é cultura! Nunca havia me ligado que porta de carro abria para o outro lado. E que carro de duas cores era chamado de saia e blusa… E oha que você é mais novo que eu…Beijos. Gilda
8 de janeiro de 2010 às 21:04 |
Só um pouquinho, Gilda, só um pouquinho…mas agora vc já sabe tudo que precisa sobre Vemaguetes, certo?
Beijos
Caricadorio
8 de janeiro de 2010 às 12:04 |
Grande cacique Carioca,
Adorei a sua Vemaguete! O pajé deve ter ficado roxo de inveja…
Interessante também o registro histórico que, considerando os seus jovens anos, não pode passar de mera lembrança.
Abs, Aventoe
8 de janeiro de 2010 às 23:06 |
Aventoe, tem coisas que a gente não esquece nunca (enquanto a saúde mental permite), por alguma razão ficam marcadas na memória. Ainda posso ver cada detalhe do ocorrido.
Saudações da casa de branco
8 de janeiro de 2010 às 18:11 |
Meu pai teve um DKW Vemaguete, não sei de que ano e não lembro pra que lado a porta abria. Nós, os 4 filhos, éramos pequenos e lembro que ele abaixava os bancos de tras e minha mãe forrava com colchonetes e lençóis para fazer uma grande cama para que pudéssemos ficar confortáveis para encarar a viagem que fazíamos todos os finais de ano, nas férias, para o Rio Grande do Sul para rever a família. O carro era corajoso pois meu pai fazia a travessia Rio / Porto Alegre de uma vez só, sem parar para dormir. Ele só aceitava parar para comer alguma coisa e, muito a contragosto, para fazermos pipi na estrada. Belas lembranças também!
8 de janeiro de 2010 às 23:03 |
Bel, este era o propósito da Vemaguete, ser um carro para a família. Para a sua ela servia quase como trailer pra viagem até o RS.
Saudações cariocas
10 de janeiro de 2010 às 17:21 |
O primeiro carro que tive na realidade nem era meu. Era um fusca teto solar (1966), do futuro sogro, que chovia dentro.
Se não me engano, a fábrica das Vemaguetes foi comprada e fechada pela Volkswagem alguns anos depois.
10 de janeiro de 2010 às 22:23 |
Foi isso mesmo, Álvaro. A VW comprou a DKW Vemag e encerrou a produção de Vemags logo depois, tanto os Belcar (https://cariocadorio.wordpress.com/2009/11/09/dkw-vemag/) como de vemaguetes. Acho que fechou no final de 1967, quando se produziu o último modelo de Vemags no Brasil.
Saudações Vemaguistas
13 de janeiro de 2010 às 08:14 |
Pachequinho,
Pela foto vê-se que sempre tivestes uma veia de cacique. Nesta ocasião, bem e lembro, pois estava na PUC e vivi também o assunto da Gloriosa.
13 de janeiro de 2010 às 19:03 |
Prezado Fernando,
Estou mais para índio mesmo. É difícil ser cacique até em casa…
13 de janeiro de 2010 às 13:01 |
Uma graça esse carrinho!
13 de janeiro de 2010 às 19:04 |
Denise,
Agora só tem desses em encontro de carros antigos..
10 de março de 2010 às 12:37 |
Várias Vemaguetes dos meus tios povoaram a minha infância. Uma delas, preta, era assim com essa porta. Em outra, fomos até Barbacena. Na parte de trás fizeram uma caminha para as crianças. O primeiro carro do meu pai, foi um maravilhoso, estupendo, memorável, saudoso Aero Willys 66. Sobreviveu, ele e os 6 ocupantes, a uma capotagem na Dutra. Anos depois nos deu outro susto quando resolveu andar por vontade própria na Amaral Peixoto, subindo um canteiro numa curva, pelos idos de 1974. Nesse dia foi aposentado. Aí seguiu-se a saga dos Corcéis, 1969, 1977, 1980
29 de julho de 2010 às 16:10 |
Minha mae teve duas. A primeira uma 64 ou 65, saia e blusa azul escuro com branco, e depois a cara nova em 67, azul piscina, primeiro carro zero dela. Acho que cabiam uma 20 crianças dentro daquele carro. Bons tempos aqueles que nossos pais eram jovens .