Autódromo do Rio

3 horas de Velocidade - Julho 1969

O antigo Autódromo Internacional do Rio de Janeiro (AIR), construído no mesmo lugar do atual “Nelson Piquet” que hoje agoniza,  foi palco de corridas memoráveis.   Eram tempos em que o automobilismo de autódromo era pouco mais que uma extensão das corridas nas ruas da Barra.  O público tinha acesso a locais perigosos, aos boxes e era praticamente impossível controlar.  No final dos anos 60 víamos passar pertinho os famosos da época.  O belíssimo protótipo Fitti-Porsche, que era rápido mas não terminava a corrida, os Mark I e Mark II (o famoso Bino) da Willys, Alfas Giullia e GTA,  BMWs, diversos fuscas, reminiscentes DKW, o Patinho-Feio, berlinetas Interlagos e tantos outros eram os  heróicos protagonistas.  No Rio de Janeiro eram famosos o Malzoni do Norman Casari e a Alfa vermelha do Mario Olivetti.  Houve até uma rara aparição da antiga carretera do Camilo Christófaro.

F.Ford, Fev 69; Emerson lidera, Allen, Luizinho e Ashley

Eram tempos de leitura obrigatória das AUTOESPORTE (a revista que acelera as emoções).  Não importava de que mês/ano.  Elas nos levavam à fórmula 1 distante, ao campeonato de marcas (Ferraris 512, Porsches 908 e os imbatíveis 917) e a série Can-Am.  Emerson Fittipaldi era apenas um jovem piloto que corria junto com Wilson, Luis Pereira Bueno, José Carlos Pace, Alex Dias Ribeiro e vários outros. 

F.Ford, Fev.69; Valentino Museti

A gente achava que Dennis Hulme, Jim Clark, Jack Brabham e Graham Hill eram mitos sobre-humanos.  Não sabíamos que muito em breve aquela trupe tupiniquim provaria que não tinha nada a dever aos gringos.   Melhor dizendo, faltava grana, coisa que eles tiveram que superar para chegar onde todos sabem. 

Em 1969, Emerson, recém-chegado de uma vistoriosa temporada na Inglaterra, participou da temporada brasileira de fórmula Ford.  Aqueles pequenos monopostos foram o início do caminho de vários pilotos brasileiros para a fórmula 1 e do própiro GP do Brasil da categoria. 

José Carlos Pace na Alfa P-33

Pouco depois o Rio de Janeiro viu as 3 horas de velocidade. Uma Alfa Romeu P-33, uma Lola T-70,  um protótipo nacional AC-1 que depois faria história, fizeram a primeira fila do grid.  Carros inacreditáveis no Rio de Janeiro.  Fiquei preocupado.  Poderão brasileiros pilotar estes carros?  Tolo coplexo de vira-lata…Ninguem menos que o saudoso José Carlos Pace levou a Alfa P 33 à vitória com facilidade.  

A construção do novo autódromo foi esperada com ansiedade pelo grupo de amigos aficcionados em automobilismo.  Este mesmo autódromo que o prefeito César Maia começou a destruir quando decidiu que a fórmula 1 não interessava ao Rio  em 1990 e decretou sua morte ao construir arenas do Pan no espaço do Autódromo (clique aqui para ver Barra da Tijuca 2017).

Este artigo saudosista nas últimas voltas de 2009 procura lembrar que centenas de jovens cariocas, como meus amigos nos tempos pré-Emerson Fittipaldi, em breve estarão órfãos de autódromo no Rio de Janeiro.  Espero que se cumpram as promessas de um novo autódromo em Deodoro ou onde seja.  Não precisa ser o melhor do mundo, nada de megalomania, apenas algum lugar decente e seguro para a prática do esporte no Rio de Janeiro.

 Fotos by Cariocadorio:  Fórmula Ford no Rio de Janeiro, Fev. 69;  Três Horas de Velocidade, AIR, Jun 69.

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12 Respostas to “Autódromo do Rio”

  1. André Buriti Says:

    A verdade é a cada dia que passa vejo que muito do que pretendiam par a acidade não será feito, temo pelo autódromo, pois não vejo como fazerem uma obra de tamanha magnitude, um autódromo, em menos de um ano, os engenheiros já avisaram que as obras deverão começar no máximo em 2011, e não estou vendo nenhum movimento para se iniciarem as obras do novo autódromo, sequer plantas e projetos existem, apenas especulação.
    É como escrevi no blog, é mais fácil mudarem o projeto que retirarem o autódromo, a menos que a CBA decline de seu direto de manter a pista funcionando enquanto não constroem outra acho muito difícil alguma coisa acontecer.
    Um grande abraço.

    • cariocadorio Says:

      André,
      Infelizmente você tem toda a razão. É muito pouco provável que construam em tempo e até mesmo que construam um novo autódromo. Os políticos e os dirigentes mentem.
      Boa sorte nessa luta em 2010. Só fazendo muito barulho.
      Forte abraço

  2. Augusto Vilaça Says:

    Infelizmente essa não é uma realidade só do seu Estado. Em Pernambuco, inventaram de construir um parque no quilate do Ibirapuera. Fizeram de tudo: desapropriaram o terreno, brigaram com vários órgãos da Sociedade Civil Organizada que se contrapunha ao projeto etc… até inauguração já teve, mas o projeto não parece que está nem perto de ser concluído.
    Mas o efeito desejado já foi alcançado: reuniram um monte de gente para “inaugurar” um parque assinado pelo Oscar Niemayer em homenagem a uma tal de D. Lindu, que, só por acaso, é a mãe do nosso presidente… é mole?

    Grande abraço, do Timor Leste.

  3. Fórmula 1, mais uma vez « Cariocadorio's Blog Says:

    […] Links para artigos relacionados: Autódromo do Rio […]

  4. Cariocadorio, Ano I « Cariocadorio's Blog Says:

    […] real. A Porta do Elevador, pra quem sabe o que é isso. Ibicuí, pelo que representa e pela foto. Autódromo do Rio, uma paixão de longa […]

  5. Amigos em Interlagos, 1975 « Cariocadorio's Blog Says:

    […] o automobilismo brasileiro desde os tempos do antigo Autódromo Internacional do Rio de Janeiro (aqui).  Tinhamos ido a todas as corridas de F1 em Interlagos mas aquele festival de velocidade, entre […]

  6. Gustavo Almeida Magalhães de Lemos Says:

    Este autódromo foi o palco da minha vida no período da sua inauguração até aproximadamente 1972. com 13 anos fazia mapas da corrida para o jornalista Mauro Forjaz, editor da revista Autoesporte e grande amigo do meu pai. O fotógrafo era o Carlos Braga com sua Nikon F. Depois passei a cronometrista, sinalizador (bandeirinha) e comissário de pista. Conheci todos os pilotos da época e guardo grandes lembranças.

    • cariocadorio Says:

      Valeu Gustavo,
      Também fui comissário de box e bandeirinha. Mas isso foi no aut´dromo “novo”, de 77 a 79. . Temmais coisa de automobilismo por aqui. Na página inicial, à direita, clica em carros e corridas na foto do Avalone do Mufato.
      Saudações cariocas.

  7. Marcelo Schwob Says:

    Tenho uma saudade imensa dessas corridas que vc. relatou. Eu vi também os 1.000 km da Guanabara, prova vencida pelo Giú (Lorena-Porsche) (José Maria Ferreira, que comentava F1 na Globo no início dos anos 70). Nessa corrida o Pace capotou com a P-33 (ou foi o Marivaldo Fernandes?) após uma fechada de um Puma. Eu e meus colegas de rua atravessamos a pista e entramos nos boxes (de madeira), muito precários e vimos a máquina coberta por uma capa, que levantamos um pouco e vimos um pouco do estrago. Nessa corrida, também participou o VW bimotor dos Fittipaldi, que também parou. Grande abraço e obrigado pela lembrança com as fotos. Precisamos incentivar e cultuar mais essas lembranças do tempo romântico das corridas no Rio.

    • cariocadorio Says:

      Marcelo,
      Obrigado pela visita.
      Eram divertidos aqueles tempos. Tenho alguns posts que podem interessar para você. Clica na foto do Avalone Crhisler na barra da direita. Além disso, mais abaixo você encontrará alguns links interessantes sobre o assunto.
      Saudções cariocas.

  8. Gustavo Almeida Magalhães de Lemos Says:

    Assisti a estas provas citadas e com grande pesar vejo a desativação do autódromo. O pior é que área será provavelmente desativada após as Olimpíadas.
    O Estado assumiu com a CBA o compromisso de construir um novo autódromo ao entregar o atual para a construção do complexo olímpico, e não cumpriu o acordo. Nossa cidade está fora do mapa automobilístico e isso é uma vergonha para os milhares de amantes do esporte.

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