Archive for the ‘Esportes’ Category

A natureza do Escorpião na Copa da Rússia

29 de junho de 2018

Numa ilhota no meio do rio, a fauna local discutia o assunto do momento.  Não davam a mínima pro STF soltar o Dirceu e liberar a Gleise.  “Depois a gente discute o aumento do plano de saúde”, disse o marreco.  “Isso mesmo. O que interessa é a Copa do Mundo (da FIFA é o cacete!), que a copa é de todos”, concluiu o jacaré sob aplausos.

Ali só tinha entendido dando pitaco: “o melhor foi Portugal x Espanha”: “pra mim foi pênalti claro”; “e que falha do Caballero!”; “esse VAR é uma chatice”; “a Bélgica vai surpreender”; “o Peru se despediu com dignidade”; “tem que abrir o olho com o Uruguai”…

A garça lamentou: “Que vexame da Alemanha, hein? Deixa ela ir mas cuidado que a Argentina tá no páreo”.   O biguá falou e todos concordaram que o México tá jogando como nunca mas vai perder como sempre… Bem, alguns preferiram se calar por enquanto.

A discussão esquentava e o rio subia.  Era água muita. A ilhota foi ficando pequena. A garça se mandou voando, as formigas desceram terra abaixo, cada bicho dando o seu jeito.

O sapo já ia pular na água quando o escorpião pediu uma carona.

             

“Me leva nas suas costas até a margem. A gente continua a conversa”.

“Negativo, e se você me der uma ferroada?”, retrucou o sapo.

“Tá louco? Se eu fizer isso morro afogado”.

O sapo concordou e a discussão continuou no caminho:

E os craques? O sapo reclamava de todo mundo. “O Messi não tem sangue, não vibra, não se esforça.  O Neymar (o Jr., que fique claro) quer a bola só pra ele, é um cai-cai danado, assim não dá.  E o Gajo? Joga muito mas tá mais preocupado em se ver no telão.  Acabou perdendo pênalti”.

O escorpião contemporizava: “Pacote completo. Eles são assim mesmo. É da natureza de cada um”.

Chegando na margem o escorpião desceu das costas do sapo e sentenciou: “Na minha opinião a Croácia do Modric chega na final”.  O sapo apostava num Brasil x Espanha, “apesar de tudo”.

A garça, que via a cena lá de cima, interrompeu: “Peraí! essa história não devia terminar com uma ferroada no sapo e os dois morrendo no rio?  É da natureza do escorpião, ou não é?”

“Claro que é!”, explicou o artrópode peçonhento.   “Mas na hora H, se a gente quiser continuar vivendo tem que fazer concessões.  O Cristiano teve a lição dele, o Messi já fez gol e o Neymar… Bom, o Neymar  entendeu que se ficar irritando o adversário, o juiz e a torcida não chega a lugar nenhum.  E já tá começando a jogar pro time.”

“Vamos torcer, e que vença quem ganhar!”
“E que seja o Brasil”, piou o biguá voando pra Lagoa Rodrigo de Freitas.

Ilustração obtida na internet: jornalggn.com.br  

A Falta que Faz

16 de janeiro de 2018

Começa hoje o campeonato carioca. O carioca do Rio de Janeiro transcende os limites da cidade, do estado e ocupa um Brasil com centenárias rivalidades.     Em Manaus, Salvador ou Juiz de Fora, discute-se o campeonato carioca.

Que importa se os Patriotas do marido da Gisele vão ganhar de novo ou se os Cavaleiros de Cleveland vão destronar os Guerreiros do Estado Dourado?  Parece ridículo mas os nomes são esses mesmos. Isso lá são nomes de times?  Estamos de acordo que não dá pra comparar com Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo, Fluminense … ?

Os políticos do esporte fazem tudo para estragá-lo e dar razão aos que querem o fim do estadual.  Pode um campeonato “começar” com grupos B e C, ter 6 semifinais e 3 finais?

Os que querem o fim dos estaduais não sabem a falta que faz torcer pelo que é nosso.  É torcer pelo time da sua escola, pelo time da sua rua contra o do outro bairro, pelo seu time.

E como faz falta o América, cinco vezes campeão carioca. Lá em casa eram todos América. Pequena ovelha negra, rubro-negra, lembro dos velhos e meu irmão comemorando o campeonato carioca de 1960.

Pensando bem, o que faz falta mesmo é gente, amigos, família.  São as pessoas que dão sentido ao que chamamos de nosso.  Pessoas de quem um dia sentiremos falta, pois muito pior seria não ter de quem sentir falta. Sentir saudade, uma saudável saudade.

Que comece o carioca. E que vença quem ganhar!

Foto by Cariocadorio; “América rubro-negro”, 16/01/18

Hora de torcer pelo Rio

1 de agosto de 2016
O Rio Olímpico

O Rio Olímpico

Já basta alguns gringos quererem nos desmoralizar.  Como se eles não tivessem seus próprios problemas, seus atiradores psicopatas, o terror em suas cidades, suas histórias de violência e erros. Não vamos fazer coro a interesses mesquinhos.

Para os que vem aqui para competir ou se divertir, tapete vermelho e o nosso maior carinho.  Mas que não esperem uma Olimpíada suíça porque isso aqui é o Brasil.  É o Rio de Janeiro com seu pacote completo.  Vejam a parte meio cheia do cálice.

Não é vergonha querer que os Jogos sejam um grande sucesso.  Já que começou, melhor que termine bem porque só assim será bom pra nós, brasileiros.
Cariocas de todo o Brasil;  agora é hora de curtir as Olimpíadas, é hora de torcer pra dar certo.

 

PS: Depois a gente volta a reclamar da falência do Estado, das bobagens do Prefeito, das mal acabadas obras, das roubalheiras do Congresso e de tudo mais que a gente tem direito. 

 

Futebol e sociedade

8 de fevereiro de 2015

150208 sub20A participação do Brasil no sul-americano de futebol sub-20 reflete o momento da sociedade brasileira. Nossos jovens atletas, a maioria peças importantes em seus clubes, foram amplamente superados pelos rivais. Derrotas claras para Argentina, Uruguai e Colômbia, em todas as partidas que valiam alguma coisa.

Perdemos até nas vitórias. Quando não no placar, perdíamos no comportamento, no “fair-play” (…é o cacete), na inteligência emocional. Nossos jogadores aliavam a burrice à falta de caráter e à irresponsabilidade ao dar entradas covardes nos adversários aos 45 do segundo tempo, com o jogo decidido. Cartões amarelos e expulsões explicáveis apenas pelo instinto perverso de rapazes mal formados moral e psicologicamente.

E que dizer do técnico Gallo igualmente expulso de campo pelo juiz no final de uma partida? Incapaz de conduzir estrategicamente uma equipe ao jogo coletivo, à prática sadia do esporte. Incapaz de transmitir equilíbrio emocional a atletas perdidos em campo. Deixo o pífio desempenho técnico e tático para avaliação de quem entende disso.

Foi patético ver nossos fortíssimos atletas serem envolvidos pelos pequenos colombianos e argentinos. Superados pelos esforçados uruguaios. Um bando de pseudo-estrelas tentando resolver sua própria vida em vez de contribuir para o coletivo.

Estava em campo o Brasil que estamos formando. Fruto da tolerância às transgressões, da prevalência do indivíduo sobre o coletivo. Uma sociedade que busca objetivos pequenos e efêmeros em detrimento de conquistas maiores e perenes.

Copa do Brasil, 2014 ou “Carta aberta aos meus netinhos”

8 de julho de 2014

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2014

Queridos Netinhos,

Um time sem meio-campo, com ataque inoperante e jogadores acovardados não merecia mesmo ganhar. Mas os incontestáveis 7 x 1 foram um castigo duro demais para um povo que, apesar de tudo (*), faz desta uma belíssima Copa do Mundo.

Vocês ouvirão falar muito da “tragédia do Mineirão”.  Acreditem, jamais haverá vitória sobre a Alemanha que vingue o que aconteceu hoje. Sei muito bem o que é isso. Vovô não tinha nem nascido quando, em 1950, perdemos para o Uruguai. Ainda assim, sinto o fantasma do Maracanazo como se fosse ontem, 64 anos depois.

Nós hoje perdemos para a seleção de um país que foi completamente arrasado na metade do século passado. Mas, mesmo dividida ao meio, trinta anos depois a Alemanha já era um dos maiores do planeta. Não esperaram que os céus, o governo ou seja lá quem ou o que lhes dessem o pão, o teto e a cama de dormir. Trabalharam muito e continuam trabalhando. Da mesma forma pragmática que nos venceram hoje.

Saibam, portanto, que ficar chorando nos cantos não leva a nada. Jamais permitam que lhes convençam de que nós brasileiros somos um bando de coitadinhos. Isto só é conveniente para os preguiçosos e, principalmente, os políticos. É ferramenta de ganhar votos, manter o poder e viver às custas dos outros.

Vocês terão muitas vitórias para comemorar na vida mas algumas derrotas pra lamentar também. Nestas situações, enxuguem logo as lágrimas e voltem ao trabalho. Como diz o velho samba: “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”.

Não se esqueçam que depois da tristeza de 50 ganhamos cinco Copas do Mundo, mais do que qualquer outro país.
Penta-campeão!

 PS. Não contem isto aos argentinos, eles acham que a história das Copas começa em 78.

(*) este tudo é a farra política, o escândalo dos estádios, a vergonha do “legado” e a falta do que poderia ter sido feito com a grana mal-gasta com esta Copa.

Copa da África do Sul, 2010 (Maradunga)

25 de junho de 2014

A Copa de 2010 na África do Sul ficou longe de ter a  sonhada final sul-americana. Brasil e Argentina tinham muitas coisas em comum e chegaram exatamente ao mesmo lugar.  Ambos tinham como técnicos ex-jogadores,  campeões do mundo, mas com experiência zero na função.

Pra que lado agora?

Ambos procuraram fazer crer que estavam no caminho certo.  Dunga apregoava a eficiência do seu “método”. Maradona usava a propaganda ufanista baseada no seu próprio prestígio aliado a ter, sem dúvida, o melhor elenco.  Seus resultados, porém, eram pífios até ali.

Maradona, com seu vedetismo e idolatria argentina, e Dunga, com seus ataques de raiva, agressões e modelitos da filha à beira do campo, estavam mais preocupados com seus egos do que com suas funções.

Ficaram estupefatos diante da adversidade definitiva e, do alto da sua inexperiência, não tiveram resposta quando o adversário lhes impôs um nó tático incapaz de ser superado pela genialidade de seus jogadores, no caso da Argentina, e pelas fracas opções disponíveis no caso do Brasil.

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Seguem as semelhanças: como auxiliares, Maradona tinha Mancuso, o amigo de todas as horas, das festas e das noitadas. Dunga, na sua obsessão por controle, tinha em Jorginho um capataz religioso. Um e outro tão carentes de experiência quanto seus chefes.

Assim, Brasil e Argentina perderam para europeus nas oitavas-de-final.

Com tantas coisas em comum, por caminhos diversos, Brasil e Argentina perderam exatamente como era de se prever.
A Argentina pela falta de organização do seu elenco de craques e pela sua defesa ruim, frutos da incapacidade do seu treinador.
O Brasil pela previsibilidade de suas ações, pela falta de recursos por ter um bando de cabeças de área e de bagre no banco e pelo nervosismo do time em campo, reflexo do que via no seu comando.

A derrota, entretanto,  começou a ser desenhada muito antes da Copa do Mundo. Culpar jogadores e treinadores é equivocado. O erro está na  condução do futebol, reflexo do que somos como países. Dunga e Maradona foram guindados à posição de treinadores dos selecionados nacionais sem experiência alguma para tal.  O mesmo acontece com administradores de nossas instituições, cidades e estados.

Ricardo Teixeira tem poderes absolutos na condução do futebol no Brasil. Administra as fortunas que passam em suas mãos da mesma forma que determina quem será o próximo treinador da seleção.  Interesse pessoal. O presidente da CBF se perpetua no poder eleito por presidentes de federações que o fazem da mesma forma.  Protege daqui, beneficia dali e “é dando que se recebe” vão se mantendo à frente da maior paixão nacional.

Ninguém deveria ficar mais que oito (4 + 4) anos no comando de qualquer entidade esportiva brasileira.  A perpetuação dos mesmos dá margem para muita coisa ruim, muita roubalheira.

Mas diante da anarquia moral em que vivemos neste país, perder uma copa do mundo é o menos importante.

Quanto aos resultados da Copa de 2010, parabéns para os espanhóis, um povo que vive intensamente o futebol e que finalmente vê sua seleção brilhar internacionalmente. Méritos para o Uruguai, que volta ao cenário internacional depois de tantos anos de ostracismo.  Para os anfitriões, resta saber o que fazer com os estádios que construíram para a grandeza da FIFA.

Artigo de 2010, re-editado para “A história das copas por Cariocadorio”:
https://cariocadorio.wordpress.com/category/copas-do-mundo/

Fotos obtidas na Internet

Copa dos Estados Unidos, 1994

8 de junho de 2014
Cariocadorio em Dallas, 94

Cariocadorio em Dallas, 94

Bons tempos.  Pouco acompanhei o pré-copa daquele ano. Estava distante, no país que receberia o mundial. Pouco soube da polêmica das eliminatórias, da convocação do Romário no último instante para classificar o Brasil.

No primeiro jogo em Dallas estávamos lá para ver Espanha e Coréia empatarem em 2 x 2. A Espanha fez dois a zero e deixou a Coréia empatar no último minuto. Fiquei muito feliz pela oportunidade de presenciar uma partida de Copa do Mundo.

 

cerimônia inaugural em Dallas

cerimônia inaugural em Dallas

Espanha x Coréia do Sul

Espanha x Coréia do Sul

Mas a volta à Terra Brasilis atrasou e pudemos ver o Brasil de perto, contra a Holanda, naquele que foi um dos melhores jogos de todas as copas.

A Holanda repetia a história do primeiro jogo em Dallas empatando após o dois a zero do Brasil.  Estávamos desanimados na arquibancada quando Branco ajeitou a bola lá do meio da rua.

“Vai bater direto daí?” , protestei revoltado.

Depois disso só me lembro do rosto triste dos holandeses na minha frente uns minutos mais tarde.

Começamos a volta pra casa.  As crianças mereciam uma parada em Orlando.  No quarto do hotel, uma TV de 14″, um canal mexicano, uma imagem horrível cheia de chuviscos: 1 x 0 magrinho sobre a Suécia.

Em tempo de Copa

Em tempo de Copa

Aquele time encardido da Suécia bateu uma surpreendente Bulgária para ficar em terceiro.  Outra equipe notável de 94 foi a da Romênia de Hagi.  O lado negativo ficaria por conta das confusões dos argentinos Maradona e Cannigia, astros da copa anterior, e do triste destino do colombiano Andres Escobar.

Junto com o Plano Real do governo Itamar Franco, o Brasil chegou a uma decisão de Copa do Mundo, coisa que não víamos desde 1970.  Contra a mesma Itália que vencemos em 1970, a mesma que nos havia roubado o título de 82.

Foi fazendo uma corrente de mãos dadas na  casa dos Velhos que vimos Tafarel pegar um pênalti e o Baggio jogar a bola pras nuvens em outro.

Tetra-campeão!

Fotos by Cariocadorio; Dallas, 1994

Hora de torcer pro Brasil

8 de junho de 2014

É claro que aquela senhora não acredita no que disse.  Aquela, de invejável pedigree, que trabalha no COL.  Todos sabemos que ainda há muito para ser roubado. Mas … voltemos a este assunto depois da Copa?

140608 copa no Rio

Agora não importa se a economia vai muito mal, se a mistura de político brasileiro e dirigente da FIFA deu neste descalabro, se a vitória pode beneficiar este ou aquele partido, se passamos atestado de incompetência e tudo mais.

A Copa (a de todos, não a da FIFA) é um maravilhoso encontro de nações. Agora é hora de receber em paz os que nos visitam em paz. É hora de assistir um dos maiores espetáculos do planeta.  Agora é hora de dar uma trégua e fingir que a gente acredita que “o que tinha que ser roubado já foi”.

Agora eu vou me enrolar na bandeira brasileira e
torcer para o Brasil.

Foto: cartão postal do Banco Itau

Copa do México (de novo), 1986

4 de junho de 2014

A ADEG informa: Sai Evaristo de Macedo, entra Telê Santana. Repetia-se o técnico de 82. Tentaram repetir os craques de 82 mas estes, já um pouco passados, dissolviam-se em dores e lesões.
“Será que dá pro Zico?”. Acabou dando.

Pessoal  bichado a parte, estava a delegação prontinha com malas e bagagens para seguir para o México, de novo.  Mas não mais que de repente:

“Perá aí Renato, você não vai.  Indicisplina não se tolera neste time”, e o Telê cortou o Renato Gaúcho na hora H.

“Se o Renato não vai então eu também não vou”, decidiu Leandro na hora do embarque.  Estranha solidariedade.  Melhor não tentar entender. 

Difícil de entender também a escolha do substituto do Leandro.  Que idéia do Telê levar o Josimar. Desde quando esse cara joga bola para estar na seleção.  Mas lá foi ele.

Começou a Copa:  Michel fez gol pra Espanha mas o juiz não gostou. Sócrates tava impedido mas valeu. Resultado: Brasil 1 x 0.
E vamos passando:  Argélia, Irlanda do Norte, 4 x 0 na Polônia e, quem era “o cara”????  Ninguém menos que ele, Josimar. Quem diria, heim?

Lá vem a França com Platini e sua turma. 1 x 1, tá difícil.
Pênalti pro Brasil:
“…Não, o Zico não! O cara entrou agora, tá frio” … Perdeu. 
Fim de jogo, disputa de pênaltis:
“… Assim não, Sócrates! Toma distância, Sócrates”… Não tomou. Perdeu. 
Fim de Copa pro Brasil.

A Argentina de Maradona com um gol de placa e outro com “la mano de Dios” venceu a Inglaterra e a pouco mais que esforçada Alemanha de Rummenigge para ganhar a Copa pela segunda vez.

A Colômbia faria a Copa mas desistiu no meio do caminho.  O México, mesmo se recuperando de um terrível terremoto, a substituiu e recebeu a todos com a alegria de sempre. 

Foi, sem dúvida alguma, a Copa de Diego Armando Maradona.      

Fotos obtidas na Intrernet.

Copa da Espanha, 1982

3 de junho de 2014

O menino Nilton Santos se preparava para assistir o jogo mais importante da sua vida. Não era por acaso que ostentava esse nome glorioso.  Exigência do Vovô Santos que não permitiria  outro que não fosse o do seu maior ídolo.  Na verdade, queria dar este nome ao  próprio filho mas vovó Marlene decidiu homenagear seu recém falecido pai e batizou o menino de  Edilson.   Tudo bem, pois o pai de Nilton Santos desde pequeno atende pelo apelido de Didi.

A família se reuniu para ver Brasil x Itália. Nilton Santos vestiu a camisa canarinho e se enrolou na bandeira do seu amado Botafogo.  Antes do jogo a  TV mostrava  os gols da formidável campanha brasileira. Nada parecido desde 70.  Vitória apertada sobre a Rússia na estréia e surras em Escócia e Nova Zelândia. 

Melhor ainda, o convincente 3 x 1 na Argentina ao som de “voa canarinho voa”.   E como jogava bonito o time de Telê!  Quantos craques, Zico, Sócrates, Falcão, só pra falar nos mais votados. E no gol ninguém menos que Waldir Peres…bom, nada é perfeito.

Mas a coisa não começou como esperado.  De cara Paolo Rossi abria o marcador.  Mas o que é isso?  Como aquela Itália que chegou ali aos tropeços, empatando os três jogos da primeira fase, ia criar problema?  Claro que não, Sócrates empataria logo depois. Fez-se a ordem e a alegria voltou a imperar na casa da família Santos. Alegria que foi esbarrar em outro gol do endiabrado italiano. No segundo empate do Brasil a confiança retornou até que Paolo Rossi fizesse o terceiro, colocando a Itália definitivamente na frente.

O jogo chegou ao fim.  Consumava-se a tragédia do Sarrià.  No apartamento de Niterói ouvia-se um silêncio sepulcral. Diante da TV, Nilton Santos não podia acreditar no que via.  Em prantos, o menino buscou a saída nos olhos do pai:

“E agora, papai?”
“Agora fodeu!”,  sentenciou um perplexo Didi.

Foi um duro golpe naquela que foi uma das melhores equipes de todos os tempos.  Pouco importa que a própria Itália viesse a ser campeã pela terceira vez igualando o número de conquistas do Brasil.

A história das copas por Cariocadorio:
https://cariocadorio.wordpress.com/category/copas-do-mundo/

Fotos obtidas na Internet