Archive for maio \27\-03:00 2011

Praia de Copacabana em 3 tempos

27 de maio de 2011

A imagem do entardecer na Praia de Copacabana é do dia 30 de maio.  O Brasil havia vencido a Costa do Marfim mantendo vivas as vãs esperanças na Copa de 2010.  Destacam-se as luzes que se acendiam, as camisetas amarelas e o telão FIFA instalado na praia.   

A Praia de Copacabana em 2002, vendo-se ao fundo a Praia do Leme e o Pão de Açúcar. À esquerda, a torre do Rio Sul.  Interessante que o Pão de Açúcar só se vê neste ângulo, não aparecendo nas outras duas fotos.

A foto em preto e branco é da década de 50. Pode-se ver a Av. Atlântica ainda estreita, antes do grande aterro hidráulico do início da década de 70 que aumentou a praia e permitiu alargar as pistas da Avenida.  O calçamento em pedras portuguesas que a fez famosa em todo o mundo data da década de 20.

Clique nas fotos para vê-las ampliadas. Para quem se interessar, qualquer busca na internet resultará em milhares de fotos de Copacabana. 

Fotos: Praia de Copacabana ao entardecer (30/05/10) by Cariocadorio; Copacabana em 2002, by Odervan Santiago e Copacabana na década de 50 são postais da Editora Melhoramentos.

A gata Tai, vivendo perigosamente

25 de maio de 2011

Por mim não teríamos um segundo gato, ou uma segunda gata. Mas a Tai acabou ficando.  Expliquei isso quando falei da Tigue, em “Um dia um gato”.

No início a pequena era desconfiadíssima, mal dava pra chegar perto.  E hoje não é muito diferente. Depois cresceu e começou a entrar no cio, outro problema.  Para seguir o ritmo da vida, teve filhotes. 

Macho de qualquer raça é bobo mas persistente. O que veio cruzar com ela tomou muita  lanhada mas não desistiu.  Certo dia pegou ela de jeito e o resultado foram cinco filhotes parecidos com ele.

A Tai tratou bem dos filhotes mas logo que se livrou deles ficou abusada. Olhar pela janela ou através da grade da varanda tudo bem.  Agora, andar pelo lado de fora da grade, deitar por lá e ficar corujando passarinho já era um pouco demais. 

Eu, que já tomo remédio pra pressão alta, decidi que tinha que me livrar do problema.  O máximo que consegui foi que concordassem em colocar uma tela junto à grade.  Felizmente ela ainda não se interessou em escalar a tela e passar por cima da grade.

Fotos by Cariocadorio: Outubro de 2010 e Maio de 2011

Praça Mauá, o caos continua

22 de maio de 2011

Esta semana colocaram mais uma placa do Porto Maravilha, esta bem no meio da Praça.  Apesar do tão propalado projeto, a Praça Mauá continua sendo uma pocilga fétida no centro do Rio de Janeiro. 

Travessa do Liceu

Dinheiro para museus de utilidade duvidosa e um super terminal para navios de cruzeiro não falta.  Mas simplesmente colocar um pouco de ordem onde milhares de pessoas caminham diariamente parece que não dá o retorno político desejado. 

A tela n'A Noite

A tela n'A Noite

Para passar pela Travessa do Liceu é necessário um exercício de alienação ao entorno. As barracas de camelôs, alguns legais e vários de De VDs piratas, “coberturas” de plástico, buracos cheios de água são apenas algumas das dificuldades no local. 

A travessa é um beco atrás do edifício “A Noite” cuja reforma nunca termina simplesmente porque nunca começa.  Há um ano renovaram a tela e o madeirame mas já está tudo deteriorado de novo como se pode fazer na foto. 

Será que isso vai seguir assim até acontecer um grave acidente? 

Mais adiante, na própria praça, a ocupação da calçada é de toda ordem. Tem barraca de frutas, mesas e cadeiras do restaurante, um inacreditável estacionamento, estantes da loja que tem de tudo, guarita de ônibus, banca de jornais, barraquinha de chaveiro e buracos no chão, muitos buracos.

Siga mais um pouquinho e chegue na Av. Venezuela.  Ali o esgoto, muitas vezes na cor característica, aflora pelo menos uma vez por semana, exalando o odor característico e  causando prejuízos ao restaurante em frente ao bueiro. 

Av. Venezuela x Pr. Mauá

Esgoto aflora na claçada

 
Em outubro de 2009, já falávamos no problema de abandono da Praça Mauá neste post aqui. A situação não mudou muito assim como não é muito diferente em diversos outros lugares do centro do Rio.  Muitas vezes a solução é simples mas coisas simples não valem a pena resolver.  Tem pouco dinheiro envolvido e pouco retorno político.

Fotos
 by Cariocadorio, abril, maio 2011

A perseverança da memória

14 de maio de 2011

Encontrei D. Cecília muito agitada naquela tarde.  Insistia em andar pela casa embora nem mesmo forças para se levantar sozinha tivesse. Mal se lhe ouviam as nervosas instruções, a voz prejudicada pelo Parkinson. Apontava a porta da rua, queria sair.

De repente balbuciou palavras em francês. Há muito tempo não a ouvíamos falando francês. O que seria aquilo agora?  A enfermeira procurou acalmá-la. Cecília insistia, repetindo palavras sem sentido.
 

Aproximei-me bastante e finalmente entendi.  
“Suzanne…premier étage…”

Queria apenas visitar sua amiga de tanto tempo, Suzanne Bergé.  Ela morava no mesmo prédio, no primeiro andar.  Expliquei que Mme. Bergé estava em Londres mas que  telefonaria assim que chegasse. Acalmou-se sob o efeito da mentira sincera ou talvez do Rivotril que o Dr. Gilberto receita para estas situações. 

Sentou-se tranquila. Nas mãos os presentes do dia das mães.  Estava mais interessada em fazer e desfazer as embalagens do que nas colônias, sabonetes e lencinhos.  

O pensamento ia longe agora. Certamente nas tardes de cinema, ateliês e museus com as amigas.  Ou nas longas noites regadas a cigarros e vinhos no Le Jardin. Cecília e o marido participavam de intermináveis discussões sobre o ser ou não ser, sobre artes e política, seu assunto predileto. 

“Le communisme est le future de l’humanité, donc il vaut mieux que vous vous habituez”, provocava Cecília. Décadas depois ela não se absteve de admitir sua decepção quando aquela experiência que tanto admirava começou a fracassar.

A vida meio boêmia, meio deslumbrada do casal acabou quando Cecília passou a ter direito a ganhar presentes no segundo domingo de maio. 

Agora ela já não brincava com os presentes.  Dormia, cabeça de lado no espaldar da poltrona, um quase imperceptível sorriso nos lábios.  Poderia apostar que em sonhos ainda estava na sua Paris do início dos anos 60, a época mais divertida da sua vida.

Nem mesmo as grandes amizades são imunes à distância e ao tempo. Suzanne Bergé foi a amiga inseparável, ainda que achasse uma grande besteira aquele negócio de comunismo.

Quando Suzanne se foi, pouco antes da virada do século, há muito as amigas já não se viam.

Imagens, na ordem:
“The helmetmaker’s once beautiful wife” de Auguste Rodin, foto by cariocadorio em 1985. (Veja mais sobre esta escultura aqui).
“The persistence of memory”, Salvador Dali, foto obtida na internet.
“Jeunes Filles au Piano”, Piere-Auguste Renoir, foto by Cariocadorio em 1985.

Túnel do Pasmado em dois tempos

8 de maio de 2011

Estas fotos são de cartões postais da Editora Melhoramentos mostrando o túnel do Pasmado em 2002 e na década de 50.

O Túnel do Pasmado foi construído no final da década de 40 e inaugurado em 1952. 

Na foto da década de 50 pode-se observar a favela do Pasmado que foi removida em 1962.  Em seu lugar existe hoje o Mirante do Pasmado que oferece um belo visual da Enseada de Botafogo.
Ainda na mesma foto, vê-se a estreita guia central que separa  as pistas do túnel que não era utilizada para separar o tráfego em dois sentidos.  O tráfego era todo no sentido Copacabana como se pode observar no excelente vídeo da inauguração (clique aqui).

Já há algum tempo, de 7:00 às 10:00 da manhã dos dias úteis, a mão fica invertida nas duas pistas da direita, mesmo sem a guia central original que foi retirada faz tempo. Embora o efeito seja positivo para aliviar o tráfego que vem de Copacabana e Botafogo para o Aterro do Flamengo, este recurso provoca inúmeros acidentes, alguns bastante graves.

A comparação entre os veículos nestes cinquenta anos que separam as fotos também é interessante.

Uma das imagens mais curiosas deste túnel vem de uma sequência de helicóptero do filme  Roberto Carlos em ritmo de aventura, quando o herói voa por dentro do túnel. Veja clicando aqui e aproveite para curtir um pouco mais do Rio de Janeiro de 1967, ao som de Namoradinha de um amigo meu.
Os mais jovens aprenderão que já havia vida no Rio de Janeiro antes da existência do Shopping Rio Sul.

Fotos: Túnel do Pasmado, 2002 (by Odervan Santiago) e Túnel do Pasmado, década de 50.