Este grupo se vê uma vez por ano, pouco mais ou menos. Ontem concordamos que daqui a uns 20 ainda é possível que estejamos juntos mas em 30 anos, certamente, só no andar de cima.
No alegre convescote, regado a um pouco de álcool e a simpatia dos anfitriões, falávamos de temas atuais:
Insegurança, fora Temer, o Rock in Rio de 85, agora me aposentei, jamais me casaria com a Dilma, fechei o escritório, as dores na coluna, e seguia por aí até chegar nos transisso, transaquilo etc.
Aquela história de que era proibido e passou a ser permitido, bonito, na moda, finalmente chegou ao que os mais rodados temiam: agora é obrigatório.
É claro que cada um faz o que quiser com a própria vida, com o que sente e deseja. Que use os avanços da ciência como lhe convier. Pode tatuar o corpo, trocar de sexo e o que mais for necessário para se encontrar na vida. Pode ser homem, mulher ou qualquer uma das milhares de opções entre uma coisa e outra. Muito justa a luta para que se eliminem os preconceitos e se respeitem o direito de cada um na busca da felicidade.
Há que respeitar e mesmo admirar os que, com tantos problemas que a vida nos impõe, ainda precisam enfrentar, e enfrentam, as dificuldades de nascer por fora diferente do que sente por dentro.
Mas quando se nasce, se tem pintinho é macho, se tem pepeca é fêmea. Mais tarde vai produzir esperma ou menstruar. Simples assim, biologicamente pode ser menino ou menina. Há que respeitar isto também.
Mas a mídia parece pensar diferente. O que é difícil entender é qual seria o interesse que tem boa parte dela em convencer a sociedade de que o certo são vestidos para os meninos e gravatas para as meninas. Parece que qualquer coisa diferente é uma agressão aos direitos de alguns. Seria apenas o justo interesse em defender o direito de cada um viver como queira? Não parece e, caso seja, precisam repensar a dose.
Fato é que para aqueles que dependem da mídia para vender sua arte não dá pra ignorar esta onda. Se quiser aparecer rápido é obrigatório, como mínimo, namorar alguém do mesmo sexo, se me permitem simplificar assim. Seja homem ou mulher, se for macho (opa, desculpe) o suficiente para mudar de sexo, tanto melhor.
A revista Ela d’ O Globo de hoje, com capa e dez páginas desinteressadamente em torno do assunto, é apenas mais um exemplo.
Ou talvez este grupo que viveu Woodstock, queimou soutiens e sobreviveu a 21 anos de ditadura, aos Sarneys e às Dilmas da vida esteja mesmo ficando velho demais.
Fotos: fotos parciais da revista citada.